terça-feira, 2 de junho de 2009

Carta vencedora da fase estadual do concurso de redação

Esta é a carta que representou o estado na Paraíba na fase nacional do concurso de redação de cartas, promovido pelos Correios.
Parabéns, Ariane! Continue se esforçando!
São Paulo, 25 de fevereiro de 2009.

Queridos Pai e Mãe,

Quantas saudades! Depois de tanto tempo sem dar notícias, escrevo para contar o começo da minha história e como estou vivendo aqui em São Paulo.

Agora, estou muito bem aqui, mas nem sempre foi assim. Enfrentei muitos problemas logo quando cheguei, depois a vida foi melhorando para mim, pois nunca me esqueci dos conselhos que recebi.

Assim que cheguei aqui em São Paulo fui assaltado e levaram o pouco dinheiro que restava. Neste dia, tive que dormir na rua, pois estava sem o dinheiro para pagar uma pousada. Sofri muito preconceito, pelo fato de ser negro e nordestino. Não encontrei nenhum emprego decente, por isso comecei trabalhando em condições precárias.

Meu primeiro trabalho era em uma pequena fábrica de sabonetes. Estava morando no local de trabalho e recebendo por peça fabricada. Era muito ruim por que era trabalho manual e precisava de muita concentração, coisa que eu não era muito bom. Trabalhava em lugares de péssimas condições, arriscado a pegar muitas doenças devido a materiais tóxicos que estavam expostos todos os funcionários. Eu trabalhava doze horas por dia, sem ganhar horas extras e não tinha nenhum benefício, pois não tinha carteira assinada. Ganhava alguns trocados com os bicos que fazia. Só passei cinco meses, pedi demissão, pois não aguentava mais aquela vida.

Depois de adquirir experiência neste trabalho anterior, comecei a trabalhar com salário fixo, como operário, em outra pequena fábrica, mas ainda sem carteira assinada. Trabalhava dez horas por dia ganhando horas extras. Também não passei muito tempo neste emprego, pois a fabrica faliu. No tempo que passei desempregado comecei a pensar em vocês, em como vocês estão vivendo aí com o pouco dinheiro que mando. Depois da fábrica ter falido não consegui mais emprego. Depois de três meses, resolvi voltar para Paraíba, com o dinheiro que tinha juntado para mandar para vocês, pois achava que não iria mais conseguir um emprego.

Estava prestes a voltar para casa, quando conheci o seu João, dono de uma pequena rede de supermercados. A partir daí, a minha vida começou a mudar. Contei a ele tudo o que havia acontecido comigo e ele me convidou para ser um funcionário de uma de suas filias. Como ótimo funcionário (aquele atencioso, que não falta nenhum dia), não demorou muito tempo e ele me convidou para ser supervisor. A partir daí, terminei o ensino médio, fui fazendo cursos profissionalizantes e até de idiomas. A rede de supermercados do seu João foi crescendo, com isso fui promovido a gerente. Estou morando aqui na capital, com boas condições de vida: plano de saúde para toda a família, carteira assinada e outros benefícios. Tudo o que tenho hoje devo ao seu João, que acreditou em minha capacidade e não apenas explorou minha mão-de-obra. O trabalho que ele me deu realmente mudou a minha vida.

Conforme fui elevando meus conhecimentos, fui melhorando as minhas condições de vida. Graças ao meu primeiro trabalho digno, hoje sou gerente de uma famosa rede de supermercados.

Com péssimas condições de trabalho, a minha vida se tornava mais difícil, com vários obstáculos, ficava desanimado, sem coragem para enfrentar os obstáculos que vinham pela frente. Por estes e outros problemas que muitas pessoas não mudam de vida.

Mas, eu não abaixei a cabeça, enfrentei todos os obstáculos que vieram pela frente. Hoje, com boas condições de trabalho, minha vida melhorou e muito. Se antes ficava muito preocupado, com medo da falta de perspectiva para o futuro, hoje não fico mais.

Pai e Mãe, estou com muitas saudades e junto a esta carta estou enviando as passagens para vocês virem me visitar. Não vejo a hora de encontrá-los!

Saudades, de seu filho

Antônio.

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